Guia prático do Power Query M no Power BI: tudo o que você precisa saber

Se você trabalha com Power BI, em algum momento vai perceber que precisa ir além da interface visual. Aquela etapa que parece “mágica” por trás das transformações de dados é controlada por uma linguagem chamada Power Query M. Neste guia prático, vamos explorar em detalhes o que é essa linguagem, como ela funciona, por que ela é essencial para projetos mais robustos e como você pode usá-la para resolver problemas reais no dia a dia.

POWER BIPOWER QUERYINICIANTELINGUAGEM M

Henrique Bueno

4/26/20253 min read

O que é a linguagem M

Power Query M é a linguagem de script usada pelo Power Query, o motor de transformação de dados do Power BI. Sempre que você aplica transformações na interface (como filtrar linhas, mudar tipos de dados ou remover colunas), o Power BI está, na prática, escrevendo automaticamente código M por trás das cenas.

Essa linguagem é funcional, fortemente tipada, case-sensitive e foi criada para lidar com manipulação de dados em larga escala de forma eficiente e declarativa. Em outras palavras, você descreve o que deseja que aconteça com os dados e a linguagem executa isso passo a passo.

Como funciona o Power Query M

Toda consulta criada com M segue uma estrutura básica composta pelos blocos let e in. O bloco let declara as etapas intermediárias de transformação, enquanto o bloco in indica qual resultado final será retornado. Cada etapa dentro do let é imutável, ou seja, você sempre gera uma nova versão da tabela, sem alterar a anterior. Isso garante segurança nas transformações e facilita o controle do fluxo dos dados.

Um ponto importante é que o Power Query trabalha de forma encadeada: o resultado de uma etapa serve de entrada para a próxima. Mesmo sem escrever código diretamente, todo o histórico de etapas criado pela interface pode ser visualizado e editado no Editor Avançado.

Quando usar M manualmente

Apesar da interface visual do Power BI permitir muitas transformações, existem diversos cenários onde escrever código M diretamente oferece mais controle, flexibilidade e performance. Isso inclui:

  • Transformações condicionais complexas, que envolvem lógica baseada em múltiplas colunas ou múltiplas condições.

  • Criação de colunas que dependem de valores de linhas anteriores ou posteriores.

  • Automatização de processos repetitivos, como renomear ou reordenar colunas dinamicamente.

  • Integração com parâmetros personalizados, permitindo filtros dinâmicos e configurações flexíveis.

  • Melhoria de performance, principalmente ao controlar quando os dados são realmente carregados ou transformados com comandos como Table.Buffer.

Exemplos de aplicações práticas

  1. Renomear dinamicamente todas as colunas de uma tabela adicionando um prefixo personalizado.

  2. Criar filtros baseados em múltiplas condições combinadas, como status ativo e datas dentro de um intervalo definido.

  3. Obter o valor de uma linha anterior para comparar com a linha atual, útil para cálculos de saldo ou evolução.

  4. Aplicar filtros com base em parâmetros definidos pelo usuário, como intervalo de datas ou categorias.

Essas operações, embora possíveis pela interface em alguns casos, se tornam muito mais precisas e reutilizáveis ao usar M diretamente.

Dicas práticas para uso avançado de M

  • Use nomes de etapas descritivos. Em vez de “Etapa1” ou “Transformação2”, use nomes como “DadosFiltrados” ou “TipoAjustado” para facilitar manutenção.

  • Sempre que possível, documente suas etapas com comentários dentro do código. Isso ajuda você e outros usuários a entenderem a lógica aplicada.

  • Evite uso excessivo de Table.Buffer sem necessidade. Embora ele possa melhorar a performance em alguns casos, também pode aumentar significativamente o uso de memória.

  • Crie funções reutilizáveis. O Power Query permite definir funções personalizadas que podem ser aplicadas a várias tabelas, otimizando o processo e reduzindo erros.

  • Mantenha o código limpo. Evite etapas desnecessárias e agrupe transformações similares em blocos lógicos.

Ferramentas que ajudam no uso do M

Para quem está começando, o próprio Editor Avançado do Power BI já é suficiente para visualizar e editar scripts. No entanto, usuários mais avançados podem usar extensões como o Power Query SDK no Visual Studio Code para criar funções reutilizáveis, ou consultar a documentação oficial da Microsoft que traz uma lista extensa de todas as funções disponíveis na linguagem M.

Conclusão

Dominar a linguagem M é um divisor de águas para quem deseja se aprofundar em projetos de dados com Power BI. É ela quem oferece o nível de controle necessário para lidar com transformações mais complexas, otimizar performance e criar soluções mais limpas e escaláveis.

Embora pareça intimidadora no início, a linguagem M segue uma lógica clara e previsível. Comece observando o código gerado automaticamente, estude cada linha, altere pequenos detalhes e experimente. Aos poucos, ela deixará de ser um mistério e se tornará uma poderosa aliada na sua jornada com dados.